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Redenção participa da terceira edição da FLIM em São José dos Campos

2016-09-23Parceria

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Redenção participa da terceira edição da FLIM em São José dos Campos

2016-09-23 Parceria

Durante os três dias da Festa Literomusical do Parque Vicentina Aranha, a cidade foi o foco de mais de trinta atrações para o visitante.

 

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O casal de idosos, que está sentado no degrau que fica em frente á uma das portas históricas e tombadas do Pavilhão Central do Parque Vicentina Aranha, só ouve a fotógrafa dizer: “Tá lindo!”. Com a força sonora de uma tropa, a turma da pista de corrida passa logo ali atrás, focada. A cidade que continua enquanto você lê esse texto, também continuava enquanto ela mesma, como protagonista do tema central da FLIM 2016, era discutida e revista em todos seus paradoxos objetivos e subjetivos em seis mesas literárias e em atividades culturais para todas as idades.
A Festa Literomusical do Parque Vicentina Aranha, organizada pela AFAC (Associação Para o Fomento da Arte e da Cultura), recebeu cerca de 28 mil visitantes de 16 a 18 de setembro, que puderam usufruir gratuitamente de uma vasta programação cultural.

Numa das alamedas do Parque, o poeta de Jacareí Rafael Sarzi, que se sujeitou a escrever cartas de amor e de ex-amor para o público em uma intervenção poética, dedicou horas ouvindo pessoas e traduzindo seus sentimentos em cartas. E no mundo do “Faz de Conta”, um espaço dedicado especialmente aos pequenos leitores, eles caçavam poemas, ao invés de Pokemons.
Uma palavra resume bem a edição deste ano: sintonia. Na sexta-feira, João Bosco mostrou como se chega aos 70 anos de idade com uma das maiores bagagens composicionais da música brasileira. Simpático, feliz e sofisticado em sua arte, encheu o Parque de vozes timidamente cantoras.

Na primeira Mesa Literária da FLIM, o escritor Prof. Dr. José Carlos Martins já jogava no ar a transformação do espaço “Ponto de Encontro” no sagrado templo para se discutir o que estava acontecendo ali fora, e fora dali e mais adiante ainda. “Somos hoje o fragmento de um indivíduo, um pedaço de uma pessoa. A cidade é o lugar do desencontro”, disse.
“A gente quer essa apropriação do Parque”, disse Angela M. Tornelli Ribeiro, diretora geral da AFAC, feliz, assim como a pequena Gabriela, de 07 anos, que corria enquanto a mãe, Fernanda Lourenço, analista de sistemas, dizia: “Olha a cor da Gabi!”, diante das marcas de uma tarde de “Faz de Conta”.

A médica Paula Carnevale, na primeira Mesa Literária da manhã de sábado, também estava sintonizada. Usando a saúde como base, o sanatório como cenário e arte como instrumento, declarou: “A cidade se inscreve objetiva e subjetivamente nos nossos corpos”, ou seja, a arte produzida reflete todos seus tempos e é influenciada por todo contexto onde se insere. No caso, nossa cidade, assim como todas elas.
O sinal da FLIM era tão forte, que na mesa seguinte, a escritora Carol Rodrigues também se apoiou no tempo para se encontrar com uma cidade. Mesmo que ela nunca mais tenha sido visitada novamente, tem todos os cheiros guardados na memória. “Ir a um bar e o garçom não saber meu nome me faz mal. A gente sai do interior, mas ele não sai da gente”, disse o escritor e poeta cuiabano Joca Reiners Terron.

Mais para o interior ainda, só que de si mesmo, era a proposta que acontecia ao mesmo tempo, em outro espaço do Parque, do Salve as Kamadas Líricas. O trio disponibilizou fones de ouvido para um grupo que se alternava ouvindo shows particulares, sem a interferência sonora da cidade, mas com os olhos nela. Experiência única e sintonizada.
É preciso sair de um lugar para entendê-lo. Essa afirmação que anda junta à proposta do trio também foi o tema central da terceira rodada de conversas no “Ponto de Encontro”. Lima Barreto levando o subúrbio carioca para o centro, Borges levando a periferia para a aristocracia argentina e a ironia russa de lidar com o mundo. O Parque Vicentina Aranha já não tinha mais grades nessa hora. E Chacal propôs inclusive uma nova expansão da poesia.

A última mesa literária do sábado, quarta da FLIM, os escritores Paulo Lins, Ricardo Aleixo, Lourenço Mutarelli, Mário Bortolotto e Chacal transformaram a mesa em um encontro de amigos, discutindo a literatura que habita o “avesso da cidade”. Encerrando o segundo dia da FLIM, a banda paulistana Filarmônica de Paságarda tocou para um público heterogêneo, interessado e feliz.

A manhã de domingo nasceu lotada no Parque, e enquanto o final do evento parecia próximo com a fala do crítico literário Murilo Marcondes de Moura na sexta Mesa Literária, dizendo que a geografia dá o conceito de mundo para a literatura. O poeta português José Luíz Peixoto, trouxe ao público da FLIM uma nova visão sobre a vida e a nova produção literária em Portugal. “Mas o tempo, ele outra vez, muda o conceito das palavras”, disse o José Luiz Peixoto. E logo ali do lado, o Barbatuques começava a usar o corpo da forma subjetiva e inusitada, animando adultos e crianças.

“Esse é um pequeno momento de uma corrente de coisas que vem acontecendo há muito tempo, foram meses de trabalho, mas tenho a impressão de que todas as palavras duram mais tempo aqui na FLIM, é uma grande caixa de ressonância”, disse o curador Alberto Martins.
E enquanto um grupo caminha para fora do Parque, ainda sob o eco dos últimos “acordes” do Barbatuques, um novo grupo vem entrando. Ocupando e fazendo a cidade seguir seu tempo. O Parque continua lá, seu espaço, sua cidade, sua vida.

A terceira edição da Festa Literomusical do Parque Vicentina Aranha (FLIM) é uma realização da AFAC – Associação para o Fomento da Arte e da Cultura; com apoio do Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado de São Paulo e Prefeitura Municipal de São José dos Campos; em parceria com a Fundação Cultural Cassiano Ricardo, SESC, SESI, SENAC e Oficina Cultural Altino Bondesan.
A FLIM contou com o patrocínio do Colégio Poliedro, Construtora Tavares Filho, Vinac Consórcios e Instituto Sabin; apoio do Hotel Ema Palace, Haruf, Nibs Juice Bar, Líquido Store, UNIMED, Redenção Turismo,  Engeseg e GPM Vídeo; e promoção do jornal O Vale, Literatura & Cia e Portal Meon.

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